quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

faça seu coração vibrar

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do livro de osho..

Uma história
Durante alguns anos, eu morei e trabalhei em Londres. Em
minha primeira primavera em Londres, eu costumava caminhar
todas as manhãs até a estação de trem, a caminho do trabalho.
Passava por todos os jardins, em meio à exuberância de flores que
desabrochavam na calçada depois da chuva. Todas as manhãs parecia
que algo novo surgia em cada jardim.
Numa casa, minha passagem quase sempre coincidia com o que
me parecia o horário de ir para o jardim de infância de uma mãe e sua
filha pequena. O jardim da casa delas era particularmente bonito, e,
margeando um dos lados, havia uma profusão de hortênsias. Pude
observar, dia após dia, as flores se abrirem aos poucos e passarem do
verde para um verde mais claro e daí para um sutil cor-de-rosa.
Numa determinada manhã, depois de um raro dia cheio de sol na
véspera, as hortênsias estavam no auge da cor. A transformação
ocorrida durante a noite era de tirar o fôlego, e, no momento em que
eu passava em frente à casa, ouvi a garotinha dizer: "Mamãe!!
Mamãe, olhe!!!" Eu sabia que ela as vira também. A mãe disse devagar,
enfatizando cada sílaba, como quem ensina a uma criança: "E,
querida. São hor-tên-sias."
Durante o resto da minha caminhada até a estação de trem,
esse curto diálogo ficou na minha cabeça. Será que a mente dessa
garotinha associaria para sempre a palavra hortênsia aos momentos de
admiração e beleza? Diante de seu primeiro pôr-do-sol estonteante na
praia, dos primeiros sinais de romance em seu coração, será que ela
diria "Isso é tão... tão hortênsia''? Eu não sabia se ria ou chorava. Isso
já aconteceu a todos nós de tantas maneiras diferentes. Essa
transformação da criança cheia de admiração para o adulto cheio de
respostas, em geral para perguntas que sequer fizemos. Aprendemos
a rotular as coisas, a compará-las e a separá-las em categorias —
hortênsia —, para acrescentá-las ao jugo cada vez mais pesado das
respostas e convenções costumeiras e para começar a coletar outras
mais.
Não quero dizer com isso que as respostas às vezes não sejam
úteis. Elas são. Mas quando deixamos que a pilha de respostas vá
crescendo sem nunca questioná-las ao longo dos anos — das
gerações e até mesmo dos séculos —, é claro que acabamos em meio a
uma grande confusão.
Em sua busca por vida inteligente no universo, Trudy nos conta
que descobriu que a mente humana se parece com uma piñata,
aquele objeto de papel ou argila que as pessoas enchem de doces e
presentes e penduram no teto nas festas mexicanas, os quais as
crianças golpeiam com um bastão para esparramar o conteúdo no
chão. "Quando você abre a piñata, descobre todo tipo de surpresa ali
dentro", diz a personagem.

A premissa deste livro é a de que suas respostas formam a parte
externa da sua própria, piñata pessoal. E se você assumir o risco de
quebrá-la — não para substituir as antigas por outras, mas para abrir
espaço e deixar a brisa entrar —, pode descobrir, assim como Trudy,
que "perder o juízo pode ser uma experiência maravilhosa"!
Carol Neiman



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